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Red River

/na dinha

+ sobre a série

A série Red River se identifica com um conceito encontrado na obra de Antoine Compagnon, que diz que num texto há uma “atualização da consciência do autor que corresponde às suas estruturas profundas de uma visão de mundo, a uma consciência de si e a uma consciência do mundo através dessa consciência de si”.

Desde criança, eu me sentia diferente de todos os meus amigos. Era como se eu não me encaixasse ali. Eles se vestiam diferente, se comportavam de forma diferente; o mundo era diferente de mim. E por mais que durante alguns anos eu tivesse tentado me tornar como eles, uma hora eu vi que isso não seria possível. Eu era diferente deles e ponto. Por mais que eu tentasse me vestir como eles, falar como eles, gostar das mesmas coisas que eles gostavam, frequentar os mesmos lugares que eles, eu não me sentia bem comigo, não me sentia eu. Então, há alguns anos atrás alguém me levou no Rio Vermelho e foi com uma espécie de sensação de alívio que eu percebi a diversidade que existe ali. Até na arquitetura: o antigo se mistura com o contemporâneo, o tradicional se funde com o alternativo, o inovador. É uma verdadeira mistura, tudo entrelaçado. Ali todo mundo parece ser quem realmente é, sem medo de preconceitos e olhares tortos.

Barthes disse que “A explicação da obra é sempre procurada do lado de alguém a produziu, como se, de uma maneira ou de outra, a obra fosse uma confissão, não podendo representar outra coisa que não a confidencia.”. Eu acredito que seja sobre isso que o meu trabalho se trate: uma espécie de confissão da minha vida, sobre a minha luta para me encaixar no molde da sociedade, na minha identificação com aquela alternatividade encontrada no Rio Vermelho.

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